A história do Pad Thai

No mundo todo, o Pad Thai é o primeiro prato que vem à mente quando o assunto é gastronomia Thai. Para muitos, é o prato que marca o primeiro contato com essa cozinha e é sem dúvida um ícone nacional. A complexidade de texturas e sabores que misturam doce, azedo, salgado e picante contribuiram para que se tornasse o prato Tailandês mais consumido fora da Tailândia.

Acredita-se que tudo tenha começado em Chantaburi, cidade que deve parte de sua população à chegada de vietnamitas católicos, que fugindo da perseguição religiosa em seu país de origem, se estabeleceram na região há quase 300 anos. Pode ser que esse fluxo migratório tenha sido preponderante no nascimento do Sen Chan, ou ‘noodle de Chantaburi’, uma vez que o consumo de noodle de arroz já fazia parte da dieta desses imigrantes e seus descendentes tailandeses que foram se estabelecendo por ali.

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Lá havia uma única fábrica que era conhecida pela qualidade do seu noodle: elástico, tenro e firme ao mesmo tempo. Sua receita levava farinha de arroz, água e farinha de araruta. Durante um período de escassez de araruta, a farinha de tapioca foi utilizada em seu lugar e esse segredo descoberto e copiado por outras fábricas que se estabeleceram na região.

O nome completo do prato, Kuai Tiau Pad Thai sugere sua origem chinesa (‘Kuai Tiau’ vem de Miàntiáo 面条, que significa ‘noodle’ em chinês). ‘Pad’ significa ‘salteado na wok’ e por fim, ‘Thai’ indica que o prato é preparado à maneira Thai.

Apesar de teorias divergirem sobre qual país exerceu maior influência na criação do Pad Thai, todas mencionam um nome: Plaek Phibunsongkhram ou Phibum, Primeiro Ministro da Tailândia em duas ocasiões (1938-1944 e 1948 -1957). A ele é atribuída a elevação do Pad Thai a prato nacional.

Foi após a II Guerra que o Primeiro Ministro Phibum colocou em prática um plano de ação de cunho nacionalista com o objetivo de valorizar a cultura e os produtos nacionais para blindar seu país da extensa influência exercida pela presença chinesa – e sua ameaça comunista- em território tailandês.

Parte de seu projeto incluiu a mudança do nome do país, que até então se chamava Siam. Incluiu também a criação de um novo hino nacional, o estabelecimento de um padrão de comportamento – sobretudo para as mulheres tailandesas, além da promoção de concursos de beleza e de culinária. Tudo com o objetivo de mostrar ao mundo o quão civilizada e moderna era a Tailândia no cenário de Guerra fria.

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Segundo a antropóloga Penny Van Esterik, o mito que cerca o prato defende que antes de se tornar ícone do país, o Pad Thai era preparado pela cozinheira pessoal de Phibum, que não poupou esforços para introduzir o prato no dia a dia da população, enaltecendo os benefícios nutricionais e estimulando vendedores de rua a venderem Pad Thai, oferecendo carrinhos especiais e novos para isso – e de graça.

Houve também uma tentativa de se estabelecer um padrão da receita – uma inédita quebra de paradigma da cultura gastronômica tailandesa, onde as receitas não são medidas pois cada cozinheiro entende como deve equilibrar seus preparos usando seus próprios sentidos e onde não há nada de errado no fato de um prato preparado hoje sair diferente em outra ocasião.

A promoção de um prato nascido na região central do país acabou homogeneizando a imagem gastronômica da Tailândia mundo afora, que acabou deixando em segundo plano toda a rica diversidade presente nas demais regiões do país.

Hoje, diferente do que se poderia imaginar, na Tailândia o Pad Thai é um dos pratos mais consumidos – por turistas.

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